Terminal na Trafaria é "atentado ambiental"

A presidente da Câmara de Almada, Maria Emília de Sousa, afirmou, esta sexta-feira, que a construção de um novo terminal de contentores na Trafaria é um "atentado ambiental gravíssimo" e prometeu recorrer aos tribunais para impedir a concretização do projeto.
Publicado a
Atualizado a

Segundo Maria Emília de Sousa, "os autarcas do município de Almada há muitos anos que recusam a construção de um megaterminal de contentores na Trafaria". A presidente da Câmara de Almada salienta que o modelo de desenvolvimento do concelho "não passa por aqui" e que esta situação, a concretizar-se, corresponderá a um gravíssimo crime ambiental de "lesa pátria".

Após a apresentação do plano de reestruturação do Porto de Lisboa, a mesma fonte assegura que o município "não deixará de recorrer a todas as instâncias judiciais, incluindo o Tribunal Europeu, contra este crime hediondo".

O plano prevê a concessão do terminal de cruzeiros da capital, a construção de uma marina na margem norte do Tejo e de um novo terminal de contentores na Trafaria, no concelho de Almada, na margem sul do Tejo.

A presidente da Câmara de Almada (CDU) assegurou que as alterações anunciadas esta sexta-feira "não têm em conta aquilo que são os estudos e as opções de planeamento e desenvolvimento do município e da região".

Alegando que as alterações anunciadas não salvaguardam o património ambiental da região, Maria Emília de Sousa acrescenta que "estamos a falar de uma ocupação de centenas de hectares de plano de água e de terra, por esse megaterminal de contentores, que me parece ser um porto de Singapura à portuguesa"

"É uma zona de grande delicadeza ambiental, em que a riqueza faunística e ambiental e a zona de vales estão em causa, porque a ferrovia irá atravessar uma zona de vales de extrema delicadeza e nós não vamos ficar indiferentes a este gravíssimo atentado ambiental", frisou a autarca, que se referiu às propostas de regeneração e requalificação da margem sul da zona ribeirinha do estuário do Tejo como um "bodo aos pobres".

Para a autarca almadense, o Governo deveria também ter explicado de forma muito transparente como se propõe financiar todas as intervenções anunciadas que, segundo disse, deverão custar "mais de mil milhões de euros".

"Fala-se em mais de mil milhões de euros, suportados por privados em 80%, e diz-se que o Governo terá sido contactado por interessados. Assim vai a gestão pública nacional", disse.

"É preciso perceber melhor este negócio da China e como é que, do ponto de vista da transparência da gestão pública, este projeto será desenvolvido e concretizado", acrescentou.

Maria Emília de Sousa salientou ainda que os diferentes instrumentos de gestão territorial do município, além do Plano Diretor Municipal de Almada e do Programa Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, não contemplam o projeto agora anunciado pelo Governo.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt